Quando nos referimos a atletas e sua saúde, surge uma questão primordial: como definimos um atleta? É alguém que vive do esporte? Ou depende de conquistas medalísticas para sua subsistência?
A resposta pode variar, pois a definição de atleta é multifacetada. Hoje em dia, muitos adotaram o hábito de se exercitar regularmente, o que levanta a possibilidade de considerar atleta aquele que pratica atividade física com constância, exercitando-se de três a cinco vezes por semana, por pelo menos quarenta e cinco minutos. No entanto, no campo da medicina esportiva, costumamos chamar essa pessoa de “esportista”, alguém que pratica uma ou mais modalidades. O termo “atleta” é mais comumente reservado àqueles que se dedicam intensamente a uma modalidade específica e decidem competir nela.
Existem diversas nuances dentro do mundo atlético: o atleta amador, o atleta profissional (que muitas vezes consegue patrocínio) e o atleta de alto rendimento. Este último envolve uma intensa demanda física, não apenas no que se refere à prática esportiva, mas também à manutenção da saúde física, especialmente da coluna.
Tratamento de atleta
O tratamento de um atleta difere consideravelmente do tratamento de um paciente convencional. Por exemplo, a prioridade do atleta é o retorno imediato à sua atividade física. Retirá-la pode ser visto como o pior dos tratamentos, pois priva o atleta daquilo que é essencial para ele, muitas vezes desencadeando respostas emocionais intensas, como já presenciei em casos de corredores que dependem da corrida para a liberação de endorfina.
A singularidade do tratamento ao atleta reside nas demandas específicas e nas necessidades diferentes em comparação a um paciente comum. Quando falamos da coluna do atleta, estamos abordando um indivíduo que enfrenta demandas biomecânicas distintas, o que contrasta consideravelmente com um idoso comum que trata problemas como a lombalgia, visando atividades cotidianas mais leves. O atleta de crossfit, por exemplo, enfrenta demandas diferentes, onde o levantamento de pesos é parte integrante da modalidade.
No meu trabalho, que se concentra quase exclusivamente em atletas, especialmente atletas de alto rendimento, minha abordagem muitas vezes consiste em fornecer uma segunda opinião. Recebo pacientes encaminhados por outros médicos, pois sabem que aqui encontram uma visão especializada, buscando minimizar o afastamento do esporte, seja para atletas profissionais ou amadores dedicados.
Uma faceta importante a considerar é que algumas enfermidades dos atletas podem estar diretamente relacionadas à prática esportiva. Não se trata apenas de questões degenerativas ou de qualidade de vida; em certos casos, a própria atividade física pode desencadear doenças específicas. Por exemplo, ginastas olímpicas podem desenvolver condições específicas relacionadas à prática, como a hipermobilidade lombar. A abordagem aqui não é simplesmente retirar a atividade física, mas sim adaptar, compreender e fortalecer, buscando minimizar os efeitos negativos da prática esportiva.
Um dos princípios essenciais no tratamento da coluna do atleta, como mencionado pela Andreia, é não retirar ou minimizar ao máximo a atividade física, mas sim adaptá-la. Isso é especialmente perceptível em modalidades como o crossfit, onde a adaptação de movimentos e treinos é comum. A necessidade de adaptação é constante, como já experimentei ao ter que alterar meus treinos de levantamento de peso em dias de maior desconforto nas costas.
No final das contas, entender as demandas e necessidades dos atletas, especialmente em relação à saúde da coluna, é fundamental para oferecer um tratamento eficaz e orientações que permitam a continuidade da prática esportiva. Em nosso perfil no Instagram, abordamos esses temas e convidamos você a interagir, compartilhando suas experiências e dúvidas. Afinal, é a adaptação e compreensão das necessidades individuais que moldam o tratamento eficaz e a continuidade saudável da vida atlética.
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Este texto é a transcrição de um corte do podcast Nossa Coluna, apresentado pelo Dr. José Machado e que vai ao ar toda terça-feira no canal do Nossa Coluna no Youtube.
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